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Quinta-feira, 8 de Janeiro de 2009
Felizmente há luar - teste

 

Lê atentamente o seguinte excerto, para responderes correctamente ao seguinte questionário:
 
Texto
BERESFORD
           (Para Vicente e para Corvo)
Os chefes?! Quem são os chefes?
 
CORVO
Fala-se deste e daquele, mas ninguém sabe ao certo.
 
BERESFORD
Quero saber quem são os chefes. Comprem quem for preciso, vendam a alma ao diabo, mas tragam-nos os nomes dos chefes...
 
(Corvo e Vicente saem.)
 
D. MIGUEL
Eu também tenho medo, senhores, mas o meu medo não é semelhante ao vosso. Pouco me importa a fortuna ou a vida, ambas daria de boa vontade, se me fosse necessário fazê-lo, pela minha terra. A Pátria, Excelências, não é, para mim, uma palavra vã... Se algum sonho tenho, se a um estadista é permitido sonhar, o meu sonho é de não morrer sem exterminar de vez as sementes da anarquia e do jacobinismo... Sonho com um Portugal próspera e feliz, com um povo simples, bom e confiante, que viva lavrando e defendendo a terra, com os olhos postos no Senhor.
 
Sonho com uma nobreza orgulhosa, que, das suas casas, dirija esta terra privilegiada. Vejo um clero, uma nobreza e um povo conscientes da sua missão, integrados na estrutura tradicional do Reino... Não lhes nego, Excelências, que não sou um homem do meu tempo. Um mundo em que não se distinga, a olho nu, um prelado dum nobre, ou um nobre dum popular, não é mundo que eu deseje viver. Não concebo a vida, Excelências desde que o taberneira da esquina possa discutir a opinião d'el-rei, nem me seria possível viver desde que a minha opinião valesse tanto como a de um arruaceiro.
 
Pergunto-vos, senhores: que crédito, que honras, que posições seriam as nossas, se ao povo fosse dado escolher os seus chefes?
 
BERESFORD
Já que temos ocasião de crucificar alguém, que escolhamos a quem valha a pena crucificar... Pensou em alguém, Excelência?
 
D. MIGUEL (Passeando agitadamente à frente do palco)
Sou um homem de gabinete. Não tenho as qualidades necessárias para falar ao povo...
 
(Começa a apagar-se a luz que incide sobre Beresford e o principal Sousa)
 
Repugna-me a acção, estaria politicamente liquidado se tivesse de discutir as minhas ordens… Não sou, e nunca serei, popular. Quem o for, é meu inimigo pessoal.
 
(Pausa)
 
No estado em que se encontra o Reino, basta o aparecimento de alguém capaz de falar ao povo para inutilizar o trabalho de toda a minha vida... E há quem seja capaz de o fazer...
 
(Entram Corvo e Vicente, respectivamente pela esquerda e pela direita do palco.)
 
VICENTE
Excelências, todos falam num só homem...
 
CORVO
Um só nome anda na boca de toda a gente.
 
(Surge Morais Sarmento, que avança do fundo do palco.)
 
MORAIS SARMENTO
Senhores Governadores: onde quer que se conspire, só um nome vem à baila.

Abre os braços no gesto
dramático de quem faz uma
revelação importante e
inesperada.
Começam a ouvir-se
tambores ao longe, muito
em surdina.
 
 


 

CORVO
O nome do general Gomes Freire d’Andrade!
 
(Acende-se a luz que ilumina Beresford e o principal Sousa.)
 
D. MIGUEL
Senhores Governadores: aí tendes o chefe da revolta. Notai que lhe não falta nada: é lúcido, é inteligente, é idolatrado pelo povo, é um soldado brilhante, é grão-mestre da Maçonaria e é, senhores, um estrangeirado...
 
BERESFORD
Trata-se dum inimigo natural desta Regência.
 
PRINCIPAL SOUSA
Foi Deus que nos indicou o seu nome.
 
D. MIGUEL
(Sorrindo)
Deus e eu, senhores! Deus e eu...
 
CORVO
Mas, senhores, nada prova que o general seja o chefe da conjura. Tudo o que se diz pode não passar de um boato…
 
D. MIGUEL
Cale-se! Onde está a sua dedicação a el-rei, capitão?
 
PRINCIPAL SOUSA
Agora me lembro de que há anos, em Campo d'Ourique, Gomes Freire prejudicou muito a meu irmão Rodrigo!
 
Felizmente há Luar, Luís de Sttau Monteiro
 
 
I
Questionário
 
1.      Enquadra este excerto na estrutura externa e na estrutura interna da obra.                                     20 pontos
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2.      Refere a importância do excerto transcrito para o desenvolvimento da acção da peça.       20 pontos
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
3.      Relê o texto até “Senhores Governadores: aí tendes o chefe da revolta.” Identifica, justificando, três elementos cénicos que contribuem para aumentar a tensão dramática.                                           20 pontos
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4.      “Trata-se dum inimigo natural desta Regência”. Explica como, no contexto, esta réplica de Beresford tem um efeito irónico.                                                                                                                        10 pontos
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5.      Apresenta, a partir do texto, três traços caracterizadores de D. Miguel.                                            20 pontos
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6.      Caracteriza de forma sumária as seguintes personagens:                                                      40 pontos
a)     Beresford;
b)      Pincipal Sousa;
c)      Os capitães Corvo e Morais Sarmento;
d)     Vicente.
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7.      Há vários motivos apontados para a condenação de Gomes Freire d’Andrade. Apresenta a fundamentação referida pelos regentes do país.                                                                               20 pontos
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8.      Traça o retrato de Gomes Freire d’Andrade, comparando-o com o de D. Miguel.                20 pontos
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II
Expressão Escrita
                                                                                                             
Num texto de 150 a 160 palavras, imagina-te advogado(a) de acusação de um delator (inspirando-te em Vicente/ um elemento da PIDE/ Judas), referindo os argumentos que utilizarias em tribunal para o acusar e como convencerias o juiz e os jurados das razões para a condenação do delator. 
                                                                                                                                                          30 pontos
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Bom Trabalho.
publicado por paulacalcadaalves às 20:19
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Felizmente há luar - Questionário

 

1º Questinário (páginas 56Não lhes quero ocultar o que sei…” à 59Preferia, certamente, que me exprimisse em latim?”)
 
1.     Lê o acto de fala inicial de D. Miguel.
a)    Salienta a intenção subjacente à sua primeira afirmação.
b)    Explica a que se refere a personagem quando diz: “… não só a confiança d’el-rei como algo mais substancial”.
2.     A partir da primeira intervenção do Principal Sousa, avalia o comportamento revelado, tendo em conta o estatuto social que representa.
2.1.   Identifica quem é referido como “inimigos do Senhor”.
3. Explica a funcionalidade da interrogação da última réplica.
 
2º Questionário (páginas 77 “Já que temos ocasião de crucificar…” à 80 “Senhores Governadores: aí tendes o chefe da revolta …”)
 
1.     Neste caso, assiste-se à escolha, algo arbitrária, do responsável por uma suposta conspiração. Indica em quem poderá recair a acusação, justificando a tua resposta.
2.     Caracteriza o governador D. Miguel, tendo em conta as palavras proferidas.
3.     Traça o retrato de Gomes Freire d’Andrade, comparando-o com o de D. Miguel.
4.     Há vários motivos apontados para a condenação de Gomes Freire d’Andrade. Apresenta a fundamentação referida pelos regentes do país. 
publicado por paulacalcadaalves às 20:15
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Quarta-feira, 13 de Agosto de 2008
Luís de Sttau Monteiro

Nome: Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro
Nascimento: 3-4-1926, Lisboa
Morte: 23-7-1993, Lisboa

Ficcionista, autor dramático, encenador e jornalista português, formado em Direito, Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro nasceu a 3 de Abril de 1926, em Lisboa, e morreu, também nesta cidade, a 23 de Julho de 1993. De ascendência espanhola, viveu uma parte da adolescência em Inglaterra, onde o seu pai foi embaixador.
Nos anos 70 do século XX, desenvolveu actividade como jornalista, tendo colaborado com o Diário de Notícias e com o Expresso e, na década seguinte, dirigido Confidencial (1984) e colaborado como guionista de uma novela televisiva.
Iniciou a sua carreira literária com a narrativa Um Homem Não Chora, obra saudada como uma revelação da ficção portuguesa contemporânea, a que se seguiu um romance de grande êxito, Angústia para o Jantar, onde se salientam a "ironia, o gosto pela sátira, a distanciação emocional, o cinismo [...] e, no plano estilístico, a vivacidade dos diálogos." (FERREIRA, António Mega - "Um Homem e a Sua Obra", introdução a Angústia para o Jantar, Círculo de Leitores, s/l, 1986, p. VIII).
Situado numa segunda geração neo-realista, foi sobretudo pela sua obra dramática que viria a ser consagrado, recebendo com Felizmente Há Luar!, em 1962, o Grande Prémio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores. Essa peça histórica, que recorda a rebelião do general Gomes Freire de Andrade, foi proibida pela censura tendo sido representada no nosso país apenas em 1978.
As suas sátiras sobre a ditadura e a Guerra Colonial, fruto do seu espírito crítico e combativo, tornaram-no objecto de perseguição política, chegando mesmo a ser preso como quando publicou A Estátua e A Guerra Santa.
Embora levadas à cena por companhias estrangeiras, poucas peças de Luís de Sttau Monteiro foram representadas em Portugal antes do 25 de Abril, exceptuando-se As Mãos de Abraão Zacut, estreada em 1969 pela Companhia do Teatro Estúdio de Lisboa, sob a direcção de Luzia Maria Martins.
Homem essencialmente de teatro, Sttau Monteiro foi ainda autor de uma adaptação da novela O Barão, de Branquinho da Fonseca, e de várias traduções de autores dramáticos como Shakespeare ou Ibsen, que ele próprio levou à cena.

Bibliografia: Um Homem Não Chora, Lisboa, 1960; Angústia para o Jantar, Lisboa, 1961; Felizmente Há Luar!, Lisboa, 1961; Todos os Anos, pela Primavera, Lisboa, 1963; O Barão, Lisboa, 1964; Auto da Barca do Motor fora da Borda, Lisboa, 1966; A Guerra Santa, Lisboa, 1967; A Estátua, Lisboa, 1967; As Mãos de Abraão Zacut, Lisboa, 1968; Sua Excelência, Lisboa, 1971; E se For Rapariga chama-se Custódia, 1978; Crónica Atribulada do Esperançoso Fagundes, Lisboa, 1981

 

 

publicado por paulacalcadaalves às 20:44
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Segunda-feira, 11 de Agosto de 2008
Camões

Luís de Camões

Morte: 1580
País: Portugal
                                                  

 

 

Poeta português. As informações sobre a sua biografia são relativamente escassas e pouco seguras, apoiando-se num número limitado de documentos e breves referências dos seus contemporâneos. A própria data do seu nascimento, assim como o local, é incerta, tendo sido deduzida a partir de uma Carta de Perdão real de 1553. A sua família teria ascendência galega, embora se tenha fixado em Portugal séculos antes. Pensa-se que estudou em Coimbra, mas não se conserva qualquer registo seu nos arquivos universitários.

Serviu como soldado em Ceuta, por volta de 1549-1551, aí perdendo um olho. Em 1552, de regresso a Lisboa, esteve preso durante oito meses por ter ferido, numa rixa, Gonçalo Borges, um funcionário da corte. Data do ano seguinte a referida Carta de Perdão, ligada a essa ocorrência. Nesse mesmo ano, seguiu para a Índia. Nos anos seguintes, serviu no Oriente, ora como soldado, ora como funcionário, pensando-se que esteve mesmo em território chinês, onde teria exercido o cargo de Provedor dos Defuntos e Ausentes, a partir de 1558. Em 1560 estava de novo em Goa, convivendo com algumas das figuras importantes do seu tempo (como o vice-rei D. Francisco Coutinho ou Garcia de Orta). Em 1569 iniciou o regresso a Lisboa. No ano seguinte, o historiador Diogo do Couto, amigo do poeta, encontrou-o em Moçambique, onde vivia na penúria. Juntamente com outros antigos companheiros, conseguiu o seu regresso a Portugal, onde desembarcou em 1570. Dois anos depois, D. Sebastião concedeu-lhe uma tença, recompensando os seus serviços no Oriente e o poema épico que entretanto publicara, Os Lusíadas. Camões morreu a 10 de Junho de 1580, ao que se diz, na miséria. No entanto, é difícil distinguir aquilo que é realidade, daquilo que é mito e lenda romântica, criados em torno da sua vida.

Da obra de Camões foram publicados, em vida do poeta, três poemas líricos, uma ode ao Conde de Redondo, um soneto a D. Leonis Pereira, capitão de Malaca, e o poema épico Os Lusíadas. Foram ainda representadas as peças teatrais Comédia dos Anfitriões, Comédia de Filodemo e Comédia de El-Rei Seleuco. As duas primeiras peças foram publicadas em 1587 e a terceira, apenas em 1645, integrando o volume das Rimas de Luís de Camões, compilação de poesias líricas antes dispersas por cancioneiros, e cuja atribuição a Camões foi feita, em alguns casos, sem critérios rigorosos. Um volume que o poeta preparou, intitulado Parnaso, foi-lhe roubado.

Na poesia lírica, constituída por redondilhas, sonetos, canções, odes, oitavas, tercetos, sextinas, elegias e éclogas, Camões conciliou a tradição renascentista (sob forte influência de Petrarca, no soneto) com alguns aspectos maneiristas. Noutras composições, aproveitou elementos da tradição lírica nacional, numa linha que vinha já dos trovadores e da poesia palaciana, como por exemplo nas redondilhas «Descalça vai para a fonte» (dedicadas a Lianor), «Perdigão perdeu a pena», ou «Aquela cativa» (que dedicou a uma sua escrava negra). É no tom pessoal que conferiu às tendências de inspiração italiana e na renovação da lírica mais tradicional que reside parte do seu génio.
Na poesia lírica avultam os poemas de temática amorosa, em que se tem procurado solução para as muitas lacunas em relação à vida e personalidade do poeta. É o caso da sua relação amorosa com Dinamene, uma amada chinesa que surge em alguns dos seus poemas, nomeadamente no conhecido soneto «Alma minha gentil que te partiste», ou de outras composições, que ilustram a sua experiência de guerra e do Oriente, como a canção «Junto dum seco, duro, estéril monte».
No tratamento dado ao tema do amor é possível encontrar, não apenas a adopção do conceito platónico do amor (herdado da tradição cristã e da tradição e influência petrarquista) com os seus princípios básicos de identificação do sujeito com o objecto de amor («Transforma-se o amador na cousa amada»), de anulação do desejo físico («Pede-me o desejo, Dama, que vos veja / Não entende o que pede; está enganado.») e da ausência como forma de apurar o amor, mas também o conflito com a vivência sensual desse mesmo amor. Assim, o amor surge, à maneira petrarquista, como fonte de contradições, tão bem expressas no justamente célebre soneto «Amor é fogo que arde sem se ver», entre a vida e a morte, a água e o fogo, a esperança e o desengano, inefável, mas, assim mesmo, fundamental à vida humana. A concepção da mulher, outro tema essencial da lírica camoniana, em íntima ligação com a temática amorosa e com o tratamento dado à natureza (que, classicamente vista como harmoniosa e amena, a ela se associa, como fonte de imagens e metáforas, como termo comparativo de superlativação da beleza da mulher, e, à maneira das cantigas de amigo, como cenário e/ou confidente do drama amoroso), oscila igualmente entre o pólo platónico (ideal de beleza física, espelho da beleza interior, manifestação no mundo sensível da Beleza do mundo inteligível), representado pelo modelo de Laura, que é predominante (vejam-se a propósito os sonetos «Ondados fios de ouro reluzente» e «Um mover d'olhos, brando e piedoso»), e o modelo renascentista de Vénus.
Temas mais abstractos como o do desconcerto do mundo (expresso no soneto «Verdade, Amor, Razão, Merecimento» ou na esparsa «Os bons vi sempre passar/no mundo graves tormentos»), a passagem inexorável do tempo com todas as mudanças implicadas, sempre negativas do ponto de vista pessoal (como observa Camões no soneto «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades»), as considerações de ordem autobiográfica (como nos sonetos «Erros meus, má fortuna, amor ardente» ou «O dia em que eu nasci, moura e pereça», que transmitem a concepção desesperançada, pessimista, da vida própria), são outros temas dominantes da poesia lírica de Camões.
No entanto, foi com Os Lusíadas que Camões, embora postumamente, alcançou a glória. Poema épico, seguindo os modelos clássicos e renascentistas, pretende fixar para a posteridade os grandes feitos dos portugueses no Oriente. Aproveitando a mitologia greco-romana, fundindo-a com elementos cristãos, o que, na época, e mesmo mais tarde, gerou alguma controvérsia, Camões relata a viagem de Vasco da Gama, tomando-a como pretexto para a narração da história de Portugal, intercalando episódios narrativos com outros de cariz mais lírico, como é o caso do da «Linda Inês». Os Lusíadas vieram a ser considerados o grande poema épico nacional. Toda a obra de Camões, de resto, influenciou a posterior literatura portuguesa, de forma particular durante o Romantismo, criando muitos mitos ligados à sua vida, mas também noutras épocas, inclusivamente a actual. No século XIX, alguns escritores e pensadores realistas colaboraram na preparação das comemorações do terceiro centenário da sua morte, pretendendo que a figura de Camões permitisse uma renovação política e espiritual de Portugal.

Amplamente traduzido e admirado, é considerado por muitos a figura cimeira da língua e da literatura portuguesas. São suas a colectânea das Rimas (1595, obra lírica), o Auto dos Anfitriões, o Auto de Filodemo (1587), o Auto de El-Rei Seleuco (1645) e Os Lusíadas (1572)

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publicado por paulacalcadaalves às 19:28
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Segunda-feira, 14 de Julho de 2008
Fábulas

A fábula é uma narrativa alegórica, em forma de prosa ou verso, cujos personagens são geralmente animais com características humanas, sustentam um diálogo, cujo desenlace reflete uma lição de moral, característica essencial dessa. É uma narrativa inverossímel, com fundo didático. Quando os personagens são seres inanimados, objetos, a fábula recebe o nome de apólogo. A temática é variada e contempla tópicos como a vitória da fraqueza sobre a força, da bondade sobre a astúcia e a derrota de presunçosos.

Já entre assírios e babilônios a fábula era cultivada. Foi o grego Esopo, contudo, quem consagrou o gênero. La Fontaine foi outro grande fabulista, imprimindo à fábula grande refinamento. George Orwell, com sua Revolução dos Bichos (Animal Farm), compôs uma fábula (embora em um sentido mais amplo e de sátira política).

As literaturas portuguesa e brasileira também cultivaram o gênero com Sá de Miranda, Diogo Bernardes, Manoel de Melo, Bocage, Monteiro Lobato e outros.Uma fábula é um conto em que as personagens falam sendo animais e que há sempre uma frase a ensinar-nos alguma coisa para nós não cometer-mos erros.

 

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publicado por paulacalcadaalves às 14:44
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Domingo, 6 de Julho de 2008
FICHA DE EXERCÍCIOS – “AUTO DA BARCA DO INFERNO”

Episódio: “O Fidalgo”

 

1. Indica a razão por que o Fidalgo é a primeira personagem a entrar em cena.
2. Identifica os elementos simbólicos que ligam o Fidalgo à classe social a que pertence.
2.1. Descobre o simbolismo desses elementos.
2.2. Explica como esses elementos são já uma indicação da sua condenação.
3.  Faz o levantamento das passagens das falas do Diabo que, neste momento da cena, revelam a irremediabilidade do destino do Fidalgo.
4. Indica os argumentos de ordem social utilizados pelo Fidalgo para forçar a sua entrada na barca do Anjo.
5. Retira das réplicas do Anjo uma passagem que ilustre o facto de a sua barca ser a dos humildes.
6. «Não vindes vós de maneira/ pêra ir neste navio» (versos 92-93). Que objectos refere o Anjo para comprovar esta sua afirmação?
6.1. Observando os restantes versos dessa réplica do Anjo, diz que pecados do Fidalgo são representados por tais objectos.
7. Atenta no momento em que o Fidalgo regressa à barca infernal. O comportamento deste altera-se. Concordas com esta afirmação? Porquê?
8. Observa os versos 128-147 e 148-159, onde são referidas duas mulheres com quem o Fidalgo se relacionou em vida. Quem eram essas mulheres? Que características as uniam?
9. Aponta razões para o Diabo dispensar o Pajem e a cadeira d’espaldas.

 

 

publicado por paulacalcadaalves às 22:54
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Terça-feira, 17 de Junho de 2008
Declinação na língua portuguesa

 

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 
A declinação na língua portuguesa praticamente só existe em género (masculino e feminino) e número (singular e plural). Apenas os pronomes pessoais sofrem declinação de casos (reto e oblíquo), e, de certa forma, as contracções de preposições com artigos podem também ser consideradas declinações, a saber:
  • Nominativo-acusativo: usadas tanto como sujeito quanto complemento directo: o, a, os, as.
  • Genitivo: do, da, dos, das.
  • Dativo: ao, à, aos, às.
  • Locativo: no, na, nos, nas.
  • Ablativo: pelo, pela, pelos, pelas.

 

Pronomes pessoais
 
 Primeira pessoa

 
Reto
Oblíquo
 
 
Átono
Tônico
Singular
eu
me
mim
comigo
Plural
nós
nos
nós
conosco

Segunda pessoa

 
 
Oblíquo
 
Reto
Átono
Tônico
Singular
tu
te
ti
contigo
Plural
vós
vos
vós
convosco

Terceira pessoa
É a única pessoa que diferencia masculino de feminino, e que diferencia o oblíquo átono para objeto direto e indireto.

 
 
Oblíquo
 
Reto
Átono
Tônico
Singular
Masculino
ele
o
lhe
ele
consigo
Feminino
ela
a
lhe
ela
consigo
Plural
Masculino
eles
os
lhes
eles
consigo
Feminino
elas
as
lhes
elas
consigo

Pronomes reflexivos
Os pronomes reflexivos indicam o sujeito executando uma acção sobre si.

 
Oblíquo
Número
Pessoa
Átono
Tônico
Singular
Primeira
me
mim
Segunda
te
ti
Terceira
se
si
Plural
Primeira
nos
nós
Segunda
vos
vós
Terceira
se
si

Pronomes de tratamento
Os pronomes de tratamento comportam-se como pronomes de terceira pessoa, apesar de serem pronomes de segunda pessoa. Portanto, declinam como os pronomes pessoais da terceira pessoa. A forma reflexiva dos pronomes de tratamento é igual à dos pronomes da terceira pessoa. Segue, como exemplo, a declinação de você.

 
 
Oblíquo
 
Reto
Átono
Tônico
Singular
você
o/a
lhe
você
consigo
Plural
vocês
os/as
lhes
vocês
consigo

 
publicado por paulacalcadaalves às 16:37
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Quinta-feira, 5 de Junho de 2008
Palavras Homónimas

Bem, as palavras homónimas poderá dizer-se que são as mais simples.

 

De forma abreviada: igual escrita (grafia), igual modo de dizer (pronúncia), apenas diverge no significado que as palavras têm (significação).

 

exemplos:

 

amo (senhor), amo (verbo amar)
canto (ângulo), canto (verbo cantar)
são (saudável), são (verbo ser)

publicado por paulacalcadaalves às 22:12
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Domingo, 1 de Junho de 2008
Complemento directo

Complementos do verbo — O verbo é o núcleo do predicado. Por vezes é suficiente, por si só, para exprimir a acção atribuída ao sujeito. Diz-se então que o verbo é intransitivo, porque a acção não "transita", não passa para um complemento:

O actor F morreu.
Nasceu a filha da princesa X.
O equilibrista caiu.
O Ministro da Agricultura chegou ontem de Bruxelas.

Por vezes e existência junto ao verbo de outros elementos pode induzir-nos em erro. No último exemplo apresentado, verificamos que a oração não termina no verbo ("ontem", "de Bruxelas"). No entanto, esses elementos não são complementos do verbo: limitam-se a explicitar algumas circunstâncias que envolvem a acção — o tempo e o lugar. São, portanto, complementos circunstanciais, que estudaremos em outro lugar.

Há no entanto muitos outros verbos que necessitam de um complemento para caracterizar com clareza a acção atribuída ao sujeito. São os verbos transitivos, assim designados porque a acção "transita" ou passa do verbo para um outro elemento. Trata-se do complemento directo e do complemento indirecto.

 

Vejamos o que caracteriza o complemento directo.

Complemento directo — Indica o ser sobre o qual recai directamente a acção expressa pelo verbo.

O meu pai comprou um carro.

Neste exemplo, encontramos um sintagma que representa o sujeito e um verbo para exprimir a acção atribuída ao sujeito (comprou). No entanto, o verbo revela-se insuficiente para caracterizar de forma clara a acção; daí a necessidade de introduzir um novo elemento (complemento directo) para identificar o objecto sobre o qual recai a acção.

Este complemento diz-se directo, porque a acção "transita" directamente do verbo para o complemento, sem recurso a um elemento intermediador.

publicado por paulacalcadaalves às 23:11
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Predicado

O predicado, constituinte essencial da oração, é aquilo que se declara acerca de um sujeito.

 

O núcleo do predicado é sempre um verbo, daí que ele assuma formas diferentes, conforme a natureza do verbo.

 

Predicado verbal — É constituído por um verbo significativo, que podem ser intransitivos ou transitivos.

 

Verbos intransitivos — São aqueles que possuem sentido completo, não carecendo, por isso, de qualquer complemento.

O meu sobrinho já nasceu.

Verbos transitivos São aqueles que, possuindo embora significação, se revelam insuficientes para exprimir integralmente a acção, precisando, portanto, de ser completados.

 

Esse complemento pode ligar-se directamente ao verbo (complemento directo) ou por intermédio de uma preposição (complemento indirecto). Em alguns casos o verbo exige os dois tipos.

Os rapazes jogam futebol. (CD - "futebol")
O presidente falou ao país. (CI - "ao país")
A Maria escreveu uma carta à tia. (CD - "uma carta", CI - "à tia")

Predicado nominal — O núcleo do predicado é um verbo de ligação (verbo copulativo, ou verbo predicativo), sem significação definida, pelo que exige a presença de um elemento que lhe conceda sentido. Esse elemento designa-se predicativo do sujeito.

Esta paisagem é bonita. ("bonita" - predicativo do sujeito)

Os principais verbos de ligação são: ser, estar, parecer, andar, continuar, ficar, permanecer...

 

Só o verbo ser é sempre copulativo. Os restantes são verbos de significação definida que, em certos contextos, perdem o seu sentido próprio e funcionam como copulativos.

O meu irmão está em casa. (verbo significativo)
O meu irmão está doente. (verbo copulativo)

Além dos indicados, há outros verbos significativos que podem ser usados como copulativos.

publicado por paulacalcadaalves às 23:06
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